CNBB deve criar comissão episcopal para tratar de meio ambiente e desenvolvimento

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O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, anunciou que a entidade pretende criar uma Comissão Episcopal para tratar de assuntos referentes ao meio ambiente e desenvolvimento, em especial a mineração. O anúncio foi feito durante o Seminário “A mineração e o cuidado com a casa comum”, realizado os dias 17 e 18 de maio, na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas).

Segundo dom Walmor, o foco da atuação da comissão será o diálogo da Igreja com setores da sociedade, com o Poder Legislativo e outras instâncias. A notícia foi recebida com otimismo por todos os presentes no evento e, em particular, pelo bispo de Caxias do Maranhão (MA) e presidente do Grupo Trabalho de Mineração da CNBB, dom Sebastião Lima Duarte, que destacou a sensibilidade de dom Walmor no tratamento dessa questão.

As atividades na PUC tiveram como objetivo divulgar a posição da Igreja sobre a mineração, a fim de orientar a opinião pública e apoiar comunidades, grupos e movimentos que se dedicam à defesa dos territórios ameaçados, além de apresentar ao Vaticano o impacto da tragédia sobre a população de Brumadinho e as contradições da mineração em Minas e no Brasil.

O Seminário foi organizado pela arquidiocese de Belo Horizonte, pela CNBB e a Rede Igrejas e Mineração – uma plataforma ecumênica que integra diferentes Igrejas na América Latina, unidas na missão de amparar comunidades impactadas pela mineração. Todas estas entidades e a participação do monsenhor Bruno-Marie Duffé, do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral do Vaticano, enviado pelo Papa Francisco, é um entrelaçar “de corações e mentes na mesma direção”, disse dom Walmor.

Somos todos nós, juntos, nos dando as mãos e nossos corações, para fazermos um novo caminho, que é tão necessário, se quisermos um desenvolvimento integral, se desejarmos um desenvolvimento sustentável”, afirmou o presidente da CNBB.

Monsenhor Bruno-Marie Duffé reafirmou o compromisso do Vaticano em permanecer no apoio às comunidades que defendem seus territórios, ao transmitir a mensagem de solidariedade do Papa Francisco aos familiares das vítimas do rompimento da Barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho. Fez, também, severas críticas ao liberalismo que tem o dinheiro como prioridade, deixando as pessoas e a natureza em segundo plano, o que resulta em ocorrências como as tragédias em Mariana e Brumadinho.

O enviado do Papa Francisco também visitou as comunidades do Córrego do Feijão e Parque da Cachoeira, em Brumadinho. O dia de sábado foi marcado pelos momentos com as famílias e uma celebração.

Após ouvir testemunhos de fiéis que perderam familiares em consequência do rompimento da barragem, monsenhor Bruno partilhou, emocionado: “consigo imaginar a dor do povo de Brumadinho e trago, a pedido do Papa, uma mensagem de esperança. Crendo que, no Córrego do Feijão, está o coração da Igreja e da humanidade”. O Monsenhor convidou o povo de Brumadinho a se tornar “profeta que anuncia um tempo novo, que consola e lutam por um mundo mais justo, combatendo a ganância”.

Numa Celebração que reuniu pessoas das diversas comunidades atingidas, moradores levaram ao altar produtos cultivados nas comunidades rurais da cidade e lembranças das vítimas da tragédia.

Em seguida, o Monsenhor saiu acompanhado pelo bispo auxiliar de Belo Horizonte dom Vicente de Paula Ferreira e por dom Sebastião Lima Duarte, junto com moradores, em procissão pelas ruas de Córrego do Feijão. Durante a caminhada, os nomes de todas as vítimas foram lembrados. A ideia era levar o representante do Vaticano até um ponto que foi atingido pela lama, mas a rua foi interditada pela Vale. Ele não conseguiu ver de perto os estragos provocados pela lama. A comunidade encerrou o encontro com um minuto de silêncio em homenagem às vítimas da tragédia.