Dia de São Jorge, onomástico do Papa Francisco

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No dia do seu onomástico, o Papa Francisco doou, através da Esmolaria Apostólica, seis mil terços realizados para a JMJ do Panamá aos jovens da Arquidiocese de Milão e um ovo de Páscoa de 20 kg aos pobres do refeitório da Caritas na Estação Termini, em Roma. Símbolo de fé que triunfa sobre o mal, São Jorge é considerado Padroeiro dos cavaleiros, soldados, escoteiros, esgrimistas e arqueiros.
Cidade do Vaticano

No dia 23 de abril, a Igreja celebra a memória litúrgica de São Jorge, onomástico do Papa Jorge Mario Bergoglio. No dia do seu onomástico, o Papa Francisco doou – através da Esmolaria Apostólica – seis mil terços da JMJ aos jovens da Arquidiocese de Milão, que esta manhã participaram na Basílica de São Pedro da missa presidida pelo Arcebispo da cidade, Dom Mario Delpini.

Com este gesto – informa uma nota da Sala de Impresa da Santa Sé –, o “Santo Padre pede aos jovens uma lembrança especial na oração, com um ato de entrega a Nossa Senhora, a poucos dias do início do mês de maio, mês dedicado à Mãe de Jesus”.

Amanhã de manhã, os jovens milaneses participarão da Audiência Geral do Papa na Praça São Pedro.

No ano passado, o Papa Francisco distribuiu, sempre através da Esmolaria Apostólica, 3.000 sorvetes às pessoas que são recebidas diariamente nos refeitórios, nos dormitórios e nas estruturas da Caritas de Roma.

A luta de São Jorge contra o dragão
Nascido na Capadócia, oficial do exército de Diocleciano, São Jorge morre mártir em 303, entre atrozes torturas, por não negar sua fé durante as perseguições anticristãs desencadeadas pelo imperador romano. Famoso o episódio lendário em que, protegido pela Cruz, mata o dragão que devorava as pessoas: símbolo de fé que triunfa sobre o mal.

São Jorge é considerado Padroeiro dos cavaleiros, soldados, escoteiros, esgrimistas e arqueiros. Ele é invocado ainda contra a peste, a lepra e as serpentes venenosas. O Santo é honrado também pelos muçulmanos, que lhe deram o apelativo de “profeta”.

Reflexões do Papa sobre a luta contra o mal
O Papa Francisco dedicou inúmeras homilias para falar da eterna luta contra o diabo, luta que ele definiu “agradabilíssima” na meditação de 30 de outubro de 2014.

A vida do cristão é «uma milícia», e são necessárias «força e coragem» para «resistir» às tentações do diabo e para «anunciar» a verdade. Mas esta «luta é agradabilíssima», porque quando o Senhor vence a cada passo da nossa vida, dá-nos alegria e «grande felicidade». Meditando sobre as palavras de Paulo na Carta aos Efésios (6, 10-20) e sobre a sua «linguagem militar», o Papa falou daquela que os teólogos descrevem como a «luta espiritual: para ir em frente na vida espiritual é preciso lutar!».

São necessárias «força e coragem», porque não se trata de um «simples embate», mas de uma «luta contínua» contra o «príncipe das trevas», do cerrado confronto evocado pelo Catecismo, no qual «nos ensinaram que os inimigos da vida cristã são três: o diabo, o mundo e a carne». Trata-se da luta diária contra a «mundanidade», a «inveja, luxúria, soberba, gula, orgulho, ciúmes», paixões que «são as feridas do pecado original». Então, alguém poderia perguntar: «Mas a salvação que Jesus nos dá é gratuita»? Sim, respondeu Francisco, «mas tu deves defendê-la!». E, como escreve Paulo, para o fazer é preciso «vestir a armadura de Deus», pois «não se pode pensar numa vida espiritual, cristã», sem «resistir às tentações, sem lutar contra o diabo». E pensar que nos queriam fazer crer «que o diabo era um mito, uma figura, uma ideia do mal!». Ao contrário, «o diabo existe e nós devemos lutar contra ele». São Paulo recorda: «É a palavra de Deus que no-lo diz», mas parece que «não estamos convictos» desta realidade.

Armadura de Deus
Mas como é a «armadura de Deus»? É o apóstolo que nos dá alguns pormenores: «Permanecei firmes, cingi-vos com a verdade». Por isso, é preciso sobretudo a verdade, pois «o diabo é o mentiroso, o pai dos mentirosos»; depois — diz Paulo — é preciso vestir «a couraça da justiça», e o bispo de Roma explicou que «não podemos ser cristãos sem labutar incessantemente para ser justos». E ainda: «Os pés calçados e prontos para propagar o Evangelho da paz», pois «o cristão é um homem, uma mulher de paz» e se não tiver «paz no coração» algo não funciona: é a paz que «nos dá força para lutar».

Enfim, na Carta aos Efésios lê-se: «Agarrai-vos sempre ao escudo da fé». O Pontífice meditou sobre este detalhe: «Muito nos ajudaria, se nos perguntássemos: como vai a minha fé? Creio ou não creio? Ou creio um pouco sim, um pouco não? Sou um pouco mundano e um pouco crente?». Quando recitamos o Credo, fazemo-lo só com «palavras»? Estamos conscientes de que «sem a fé não se pode ir em frente, não se pode defender a salvação de Jesus?».

Evocando o trecho do cap. 9 de João, no qual Jesus cura um jovem que os fariseus não queriam acreditar que era cego, o Papa observou que Jesus não perguntou ao jovem: «Estás contente? És feliz? Viste que sou bom?», mas: «Crês no Filho do homem? Tens fé?». E dirige-nos a mesma pergunta «todos os dias». Uma pergunta iniludível, pois «se a nossa fé é fraca, o diabo derrotar-nos-á». O escudo da fé não só nos defende, mas também nos dá vida». Assim, diz Paulo, conseguiremos «apagar todas as setas inflamadas do maligno», pois ele «não nos lança flores», mas «setas inflamadas, venenosas, para nos matar».

Da armadura do cristão fazem parte também o «elmo da salvação», a «espada do Espírito», da oração. Paulo recorda: «Rezai em todas as ocasiões!». E o Pontífice reiterou: não se pode «levar uma vida cristã sem a vigilância».

A vida cristã é uma milícia
Por isso, a vida cristã pode ser considerada «uma milícia». Mas é uma «luta agradabilíssima», porque nos dá «a alegria de saber que o Senhor venceu em nós, com a gratuidade da sua salvação». No entanto, concluiu o Papa, somos todos «um pouco indolentes» e «deixamo-nos levar pelas paixões e por algumas tentações». E embora «sejamos pecadores», não devemos desanimar, «porque ao nosso lado está o Senhor, que nos dá tudo», levando-nos «a vencer este pequeno passo de hoje», a nossa luta diária, com a «graça da força, da coragem, da prece, da vigilância e da alegria».