Os candidatos ao Diaconado permanente, na Diocese de Ipameri, encerraram sua formação bíblica, no dia 27 de outubro, com o estudo dos Evangelhos Sinóticos, que são os evangelhos que tem a mesma ótica, isto é, o mesmo esquema. Os livros contêm o querigma da Igreja primitiva e o anúncio da salvação em Jesus Cristo.
A formação bíblica da Escola Diaconal da Diocese de Ipameri é orientada pelo frei Fernando Inácio Peixoto, OFM, de Goiânia. Entrevistado, ele comentou que com o estudo dos Evangelhos Sinóticos, os 21 candidatos ao diaconado encerraram sua formação bíblica neste ano. “Nós estudamos o processo de formação de cada um dos Evangelhos Sinóticos, de como os três (Marcos, Mateus e Lucas na ordem de origem) se correspondem por força do esquema criado por São Marcos para escrever o primeiro evangelho”, afirmou.
Frei Fernando também tratou do conteúdo próprio de cada um e aquilo que os diferencia. “Insisti muito no fato de que o espírito que fundou a Igreja é o mesmo que escreveu os evangelhos e que ninguém de fato realmente terá condições de entender e interpretá-los se não for com uma profunda experiência de vida eclesial”, explicou o frade. Por isso, segundo frei Fernando, é importante os futuros ministros da Igreja estudarem a temática.
Ainda no dia 27, o grupo estudou a característica de cada evangelista sinótico. Além de suas diferenças, aquilo que os reúne em um único grupo que a tradução católica chama de Evangelhos Sinóticos. Neste ano, os candidatos ao diaconado permanente estudaram também a literatura profética e as cartas paulinas. Em 2019, a formação deverá ser sobre a literatura Joanina que inclui cinco livros e as Cartas Católicas que são sete, além da Epístola aos Hebreus. A previsão é que o grupo tenha três cursos no ano que vem.
Diaconado permanente na Diocese de Ipameri
A reflexão sobre o Diaconado permanente começou na Diocese de Ipameri, após a 7ª Assembleia Diocesana de Pastoral. “A Escola de Formação teve início em agosto de 2016 com 34 candidatos, em resposta ao Concílio Vaticano II e à solicitação do papa Francisco de uma Igreja em saída”, afirmou padre João César, coordenador da Escola de Formação de Diáconos da Diocese. Para isso, foi feito um trabalho de conscientização nas paróquias que em seguida apresentaram nomes de possíveis candidatos. Embora esse trabalho tenha sido feito, nem todas as paróquias tem candidato.
Em 2016 começou a etapa preparatória chamada de propedêutico, que é um período de discernimento vocacional, formação espiritual e estudo sobre o significado do diácono permanente. Em 2017 teve início a etapa acadêmica e o acompanhamento desses homens nas paróquias com os trabalhos pastorais. A Escola de fato começou com 32 candidatos, sendo que dois discerniram outro caminho ainda no período propedêutico. A Escola encerra o ano de 2018 com 21 candidatos.
A dimensão acadêmica se estende por três anos dentro do processo que o diretório pede, que é a formação com mil horas aula, sendo 500 horas em sala de aula e 500 horas de trabalho. Os candidatos da primeira turma que perseverarem só deverão ser ordenados quando for nomeado o novo bispo diocesano.
O que é Diaconado permanente
O diácono permanente é o ministro que recebe o primeiro grau do sacramento da ordem. Fundamenta sua existência a participação na diaconia de Cristo Salvador. Cabe ao diácono permanente ser um servo da humanidade, na força do Espírito Santo conferida pelo Sacramento da Ordem.
Padre João César explicou que o diaconado permanente deve ser entendido na Igreja como um ministro de caridade no serviço da Igreja. “Ele não substitui o padre e sua existência não se concretiza pela falta de padres, muito menos para a clericalização de leigos. Na Igreja primitiva, o diaconado existia para cuidar dos órfãos, das viúvas e da liturgia. O tríplice múnus do diácono é o anúncio da palavra, a liturgia e a caridade. Portanto, ele tem o seu lugar na Igreja. Por muitos séculos a Igreja ficou sem esse ministério, mas depois retomou graças ao amadurecimento na fé. Com o Concílio Vaticano II houve o resgate do Diaconado permanente, de modo que hoje em quase todas as dioceses do Brasil eles estão presentes. Aquela que ainda não tem está em processo de formação como a nossa. Pode ser diácono permanente, o homem casado ou celibatário. Nós temos um celibatário que é um senhor aposentado de 54 anos. Ele é o único celibatário na Diocese de Ipameri que vai ser ordenado diácono permanente e vai permanecer celibatário. Os outros são casados. Nesta condição, o candidato deve ter idade acima de 35 anos e cinco anos de matrimônio”.