Já no Brasil após um intenso mês em Roma onde esteve de 03 a 28/10 como relator geral da XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos deste ano, cujo tema foi: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, o arcebispo de Brasília (DF) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Sergio da Rocha, falou sobre o que significou este momento para ele e para a Igreja no mundo.
A postura fundamental da Igreja com os jovens após o Sínodo 2018, segundo o cardeal, está na passagem dos discípulos de Emaús, texto bíblico que inspirou a estruturação do documento final. “Com a passagem de Emaús, somos chamados a reconhecer que Jesus caminha com os jovens, está presente no meio deles, em meio a tantos desafios”, afirma.
O documento final com três partes, 12 capítulos, 167 parágrafos, 60 páginas já foi entregue e aprovado pelo papa Francisco e aguarda um tradução para o português. “Apesar da responsabilidade do relator geral, a elaboração do documento final do Sínodo é uma tarefa coletiva”, explica o religioso. Nesta missão, o cardeal contou com o trabalho de dois secretários especiais, o padre Giacomo Costa e o padre Rossano Sala, de uma Comissão de Redação, eleita no início da Assembleia, e de com um grupo grande de peritos das diversas áreas.
Para o cardeal Sergio, cumprir a missão confiada a ele pelo papa Francisco de relator geral do Sínodo 2018 foi uma graça muito grande e, ao mesmo tempo, uma oportunidade de aprender a partir da escuta, acolhida e discernimento frente a tantas questões, reflexões e propostas apresentadas no Sínodo pelos participantes dos cinco continentes. “Foi bom demais estar ainda mais perto do Papa Francisco, conviver com os bispos, padres, religiosos e leigos, representantes da Igreja no mundo inteiro e, desta vez, especialmente com os jovens”, disse.
Documento final e desafios – A primeira parte do documento final tem como título: “Caminhava com eles”. O cardeal reforça que, neste primeiro bloco, o documento pede que se considere atentamente a realidade da juventude concreta, seus valores e potencialidades, seus problemas e situações de vulnerabilidade, as diversas faces dos jovens, assim como a situação deles na Igreja local.
O cardeal reforça que na segunda parte do documento, cujo título é “Os olhos deles se abriram”, contempla-se a reflexão teológica sobre os jovens e o discernimento vocacional que leva a interpretar a realidade com a luz da fé. “Eles são convidados a refazerem, na comunidade, a experiência dos discípulos de Emaús, escutando a Palavra, participando da Eucaristia e da vida comunitária”, explicou.
O título da terceira parte, conforme a passagem de Emaús, é “Partiram sem demora”. “No terceiro momento, somos convidados a agir, procurando discernir, com a ajuda das propostas do Sínodo, os melhores meios para realizar a pastoral juvenil e o discernimento vocacional na Igreja local, com novo ardor missionário”, disse o religioso. O cardeal reforça que para “agir”, sem demora, é necessário definir ações comunitárias na Igreja nos vários níveis, procurando contar com os próprios jovens e, ao mesmo tempo, formar pessoas para o acompanhamento dos jovens e para a animação da pastoral juvenil com a perspectiva vocacional.
Após o encerramento da Assembleia Sinodal tem início a fase de recepção da reflexão e das propostas do Sínodo em toda a Igreja, fase que começa com as conferências episcopais de cada país e assembleia das dioceses e igrejas particulares. “O grande desafio é concretizar as indicações pastorais do Sínodo”, reforça dom Sergio.
O testemunho, segundo o presidente da CNBB, foi dado pelo próprio processo vivido pelo Sínodo: aproximar-se dos jovens para escutar, compreender, acolher e valorizar a presença deles em nossas comunidades, para compartilhar com eles a alegria do Evangelho e para ajudá-los a responder ao chamado para seguir a Cristo nas diversas vocações, sendo cristãos nos diversos ambientes da sociedade, principalmente no meio dos jovens”.