No Angelus de domingo o Papa Francisco voltou a falar da Síria e dos muitos conflitos que ensanguentam o mundo, recordando também a história da menina Iman, que sofria de bronquite e morreu congelada enquanto seu pai tentava levá-la a pé para o hospital de um campo de refugiados improvisado nos arredores de Aleppo.
Desde 1º de dezembro de 2019, mais de 500.000 crianças foram deslocadas devido à intensidade dos combates no noroeste da Síria, pela retomada de Idlib. Dezenas de milhares de crianças e suas famílias vivem em tendas, ao ar livre, com chuva e temperaturas negativas.
Desde o início do ano, 77 crianças foram mortas ou feridas (28 mortas e 49 feridas) como resultado da escalada da violência na área.
Na segunda-feira, 17, o UNICEF recebeu informações de que os dois últimos hospitais em operação na parte oeste da Província de Aleppo haviam sido atingidos afetados. Um dos dois era um hospital materno-infantil.
“A situação no noroeste do país é insustentável, mesmo para os tristes padrões da Síria”, disse Henrietta Fore, diretora geral do UNICEF. “Crianças e famílias estão presas entre violência, frio intenso, falta de comida e condições de vida desesperadas. Tal desrespeito à segurança e ao bem-estar de crianças e famílias ultrapassa todos os limites e não pode continuar.”
“Caminhamos por 3 dias e agora vivemos em tendas. Todas as nossas coisas resumem-se a sopa de chuva e lama”, contou Nadia (nome fictício), uma mãe recentemente deslocada de Saraqeb (Idlib) e que agora vive na área de Aleppo. “Eu tenho uma criança muito doente que precisa ser operada com urgência, mas não posso pagar. Se meu filho morrer, tudo o que posso fazer é enterrá-lo.”
“O massacre no noroeste da Síria continua a ter um impacto terrível sobre as crianças”, acrescentou Fore. “É hora de largar as armas e acabar com a violência de uma vez por todas. As partes em conflito devem proteger as crianças e a infraestrutura da qual dependem, dar uma trégua às famílias e permitir aos agentes humanitários responder às enormes necessidades, de acordo com o Direito Internacional Humanitário”.