Eis o grande problema. As pessoas de fé têm uma real confiança em Deus, porque Nele está presente a possibilidade de refúgio. É uma dimensão sobrenatural, que escapa às realidades humanas. O ser humano tem os seus limites, mas também a possibilidade de encontro pessoal com Aquele que é capaz de preencher os diversos vazios existenciais da humanidade.

Terminaram os turnos eleitorais no país. Agora o Brasil tem novos governantes, aqueles da velha guarda, que foram reeleitos e fazem carreira na política, e os novos, certamente desejosos de servir a Nação. Que grau de confiança as pessoas têm nesses eleitos! A expectativa é de que não explorem o povo, mas que se preocupem com o bem comum e com uma sociedade mais humana.

As marcas do passado foram de progresso, também de atrasos e desafios. Os olhares devem ser para frente e confiantes de que o país precisa ser melhor e tem condições para isso. A visão deve ser de esperança, de novos tempos, com ações decisivas de uma boa administração, mesmo sabendo que não é fácil governar um país na dimensão das exigências da realidade brasileira.

Jesus fazia severas críticas quanto ao comportamento de autoridades que usavam de ostentação e de exploração das pessoas mais vulneráveis. Ele chamava a atenção do povo para ter cuidado com a atuação dos escribas (cf. Mc 12,38-40). Essa prática não é tão rara em nossos tempos. Corremos o risco de depositar confiança em determinada pessoa e ela não corresponder o que se espera.

O mais importante de tudo é que o Brasil tem uma grande potencialidade, o necessário para superar todas as crises. Basta ter um governo com visão e com prática de honestidade, que seja corajoso, com capacidade administrativa, aberto ao diálogo e queira realmente construir uma Nação para todos. Administração que privilegia interesses próprios não contribui com o bem público.

O critério da boa administração pública é o despojamento, a capacidade de doação e fidelidade a um projeto de governança séria. O alvo principal deve ser a classe mais sofrida e sem condições de construir sozinha uma vida com total dignidade. Quem administra assim, com esse parâmetro, está agindo com autoridade divina, porque Deus quer o bem para todos, porque são suas imagens.

Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)