“O amor dá sentido à sexualidade e a sexualidade dá impulso para o amor!”

A cada segundo se gasta no mundo mais de R$ 10 mil com pornografia. Totalizando anualmente isso dá um giro econômico, em média, de R$ 100 bilhões por ano. Para termos uma noção, essa movimentação econômica se tornou maior do que o tráfico de drogas no mundo e assume, assim, o 2º lugar no crime organizado, perdendo apenas para a indústria bélica¹. Esses números nos mostram que os homens e as mulheres de hoje buscam incessantemente satisfazer-se sexualmente e por isso se faz jus falarmos sobre sexualidade humana e sua relação inseparável com o amor.

É fato que Deus criou o homem e “concebe-os com desejos eróticos e com a capacidade de ter prazer”² , sendo assim, o desejo sexual e o prazer não são um mal em si mesmos, visto que foram criados por Deus e dado ao homem e à mulher como um presente. Aí você deve estar se perguntando: “Por que então a Igreja nos pede para disciplinar nossos desejos sexuais e de prazer se eles nos foram dados por Deus?

Para responder a essa pergunta, antes é preciso ver o homem em sua totalidade. Embora Deus nos deu a capacidade de sentir prazer e de ter desejos eróticos, isso não significa que somos apenas estes sentimentos. Nós, homens e mulheres, somos mais complexos e o prazer e os desejos eróticos são uma pequena parte de um todo que é o ser humano. Isso significa que nossa sexualidade, nossas atrações, têm que se encaixar dentro de uma realidade maior no nosso existir que diz respeito ao nosso bem e à nossa verdade, tais fatos que veremos agora.

Deus nos criou para que pudéssemos amar alguém de maneira plena e por inteiro: “Por isso deixará o homem seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher, e serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne”, Mc 10,7-8. Essa força que nos faz sairmos de nós mesmos e nos doar ao outro por inteiro, é o desejo erótico, o prazer de estar com o outro por inteiro. Esse desejo é tão bonito, íntimo e profundo que esta relação de amor gera vida! Deus concebeu o homem e a mulher com a sexualidade para a união dos mesmos e para a procriação, essa é a verdade do homem e da mulher no qual sua sexualidade deve corresponder.

O que acontece quando o homem e a mulher não orientam sua sexualidade para a verdade de sua existência? Como já esboçado superficialmente acima, nossa sexualidade é para ser um dom para o outro, uma entrega total e indivisa por amor a alguém, em que deve perdurar até o fim de suas vidas pelo vínculo do matrimônio. Contudo, o que percebemos hoje é uma incompreensão da própria sexualidade, vista não como um dom de amor para outro, mas como um mecanismo para alcançar somente o prazer próprio em uma atitude egoísta e narcisista de se relacionar com os outros. Aquilo que é para ser um presente de amor gratuito, se torna mecanismo de coisificação das pessoas para benefício próprio, ou seja, algo totalmente contrário daquilo pensado por Deus ao homem e à mulher.

Os animais se acasalam sem nenhum vínculo afetivo ou amoroso e fazem isso porque são irracionais. Hoje, na contemporaneidade, pelo mau entendimento da sexualidade e da desvinculação desta com o Amor, homens e mulheres se comportam como animais se acasalando por aí, vivendo uma mentira sobre sua natureza, se entregando à masturbação; à pornografia; à homossexualidade e ao sexo sem compromisso. Os frutos recolhidos de tais ações é um vazio existencial incomensurável e abissal. Resultado: o mercado sujo da pornografia ganhando cada vez mais espaço na nossa sociedade e o grande aumento de suicídio e depressão no mundo.

A resposta que o homem e a mulher procuram sobre sua sexualidade, não está nas suas variadas e multiformes práticas sexuais, mas, como diz a Gaudium et spes (22), a resposta do homem está em Cristo Jesus que revela o homem ao próprio homem. Em Jesus está a nossa verdade: Que somos filhos de Deus! E nossa felicidade consiste em vivermos como tais, incluindo a maneira de lidarmos com a nossa sexualidade, que nos é concedida por Deus, não para nos fecharmos em nós mesmos num egoísmo extremado, mas para amarmos em toda a nossa totalidade na fidelidade e no respeito.

Assim, temos duas maneiras de enxergar nossa sexualidade: Uma, desvinculada do projeto de amor de Deus por nós, sendo escravo dos nossos impulsos e refém dos nossos sentimentos, e dois, perceber que a minha sexualidade não tem que ser combatida, mas orientada para o bem e para a verdade da minha vida e vocação. Na medida em que vou me conhecendo, descubro que meus impulsos e desejos podem me levar a Deus se apontado para o lado certo: para o lado do amor, da entrega total e não para lado do individualismo e do hedonismo. Não deixemos o mundo falar o que somos, não o deixemos ditar a regras da nossa sexualidade. Façamos como São João Paulo II, deixemos o Amor nos explicar tudo e quando se fala tudo, é tudo mesmo, inclusive nossa sexualidade, visto que, “o amor dá sentido à sexualidade e a sexualidade dá impulso para o amor!”.

¹Dados fornecidos pela organização “treasures” que é voltada ao resgate de pessoas do tráfico sexual. Cf. http://www.justificando.com/2015/01/07/antes-de-buscar-prazer-na-pornografia-veja-alguns-dados-e-pense-duas-vezes/

²CEC (2331-2333)

Seminarista Breno Silva Martins