A Quaresma é um período onde todo o povo de Deus é chamado à conversão para buscar, por meio da oração, da esmola e do jejum, o encontro com pessoal com Jesus Cristo. Começa no dia 2 de março e termina na Quinta-feira Santa, 14 de abril.

A Igreja Católica vive o tempo litúrgico de preparação para a grande festa cristã que é a Páscoa. A Quaresma é convite à renovação espiritual. É tempo de escuta da Palavra de Deus, de preparação e memória do batismo, de reconciliação com Deus e com os irmãos. Esta renovação torna-se visível na oração, como caminho de retorno a Deus; em esmolas, de tempo e dinheiro, como forma de retribuir ao próximo; em jejum para nos libertarmos de nós mesmos e podermos nos entregar a Deus e aos outros.

A Quaresma torna-se também visível, de modo especial, na celebração da Igreja. Os ornamentos são roxos, o Glória e o Aleluia são suprimidos e o templo parece mais sóbrio.

Jejum e abstinência, em que consiste?

Para os católicos, de acordo com as disposições da Igreja, todas as sextas-feiras da Quaresma são dias de abstinência. Durante esses dias, os fiéis maiores de quatorze anos devem abster-se de comer carne. Os dias de jejum, por preceito, são Quarta-feira de Cinzas e Sexta-feira Santa, e devem ser vividos por todos os maiores de idade (até 59 anos).

No Novo Testamento, Jesus indica a razão profunda do verdadeiro jejum, que tem por finalidade comer o “verdadeiro alimento”, que é fazer a vontade do Pai (cf. Jo 4,34). A prática do jejum está muito presente na primeira comunidade cristã. Os Padres da Igreja falam do poder do jejum. Além disso, é uma prática recorrente e recomendada pelos santos de todos os tempos. Mas ainda faz sentido hoje? O Papa Francisco responde assim: “jejuar é saber renunciar às coisas vãs, inúteis, supérfluas, para ir ao essencial. É procurar a beleza de uma vida mais simples”, disse na Audiência Geral de 26 de fevereiro de 2020.

O jejum, vivido como experiência de privação, para quem o vive com simplicidade de coração, leva a redescobrir o dom de Deus e a compreender a nossa realidade de criaturas que, à sua imagem e semelhança, se realizam nele. Pela experiência da pobreza aceita, quem rapidamente se torna pobre com os pobres e “acumula” a riqueza do amor recebido e partilhado. Assim entendido e posto em prática, o jejum contribui para amar a Deus e ao próximo, pois, como nos ensina São Tomás de Aquino, o amor é um movimento que focaliza a atenção no outro, considerando-o como um consigo mesmo (cf. Carta Enc ) , 93)Fratelli tutti

 Quando começa a Páscoa 2022?

A Semana Santa começa no Domingo de Ramos, que cai em 10 de abril deste ano. Durante este período, são comemorados os acontecimentos da paixão, morte e ressurreição de Cristo, acontecimentos que constituem o mistério pascal, centro da vida e vinda de Deus. A Semana Santa é a passagem da paixão à glória. Dias de sobriedade e introspecção, de manifestação pública de fé que termina na alegria da alegria pascal, Daquele que venceu a morte e por cujo sacrifício nossos pecados são redimidos. “O seu amor levou-o a sacrificar-se por nós, a assumir sobre si todo o nosso mal. Isso nos deixa sem palavras: Deus nos salvou deixando nosso mal se enfurecer contra Ele. Sem se defender, apenas com a humildade, paciência e obediência de um servo, simplesmente com a força do amor. E o Pai sustentou o serviço de Jesus, não destruiu o mal que caiu sobre ele, mas o sustentou em seu sofrimento, para que só o bem vencesse o nosso mal, para que fosse completamente vencido pelo amor. Até o fim”.

Que possamos viver bem este período quaresmal, fazendo-se valer o que nos sugere a Campanha da Fraternidade 2022, “Fala com sabedoria, ensina com amor” (Pr 31,26).

A Campanha da Fraternidade deste ano é um chamado a todos os católicos e às pessoas de boa vontade a colocarem no centro de suas reflexões e ações a questão educacional brasileira. Tanto o tema como o lema da CF-2022 são muito significativos para todos os educadores tem a missão de educar e evangelizar a todo o povo de Deus. Educar é um ato eminentemente humano. Somos renovados quando aprendemos mais a respeito da vida e seu sentido, quando nos ensinam novos conhecimentos e quando percebemos que em nós existe a profunda sede de aprender e ensinar. Na mesma medida, educar é também uma ação divina: A Bíblia nos mostra a história de um Deus que educa seu povo, caminhando com ele, compreendendo suas fragilidades, respeitando suas etapas e alertando diante dos erros.

É a partir disso que a CF-2022 convida a refletir sobre a relação entre fraternidade e educação. Esta é a terceira vez que a CNBB trata sobre a educação na Campanha da Fraternidade. Porém, este ano, o foco não está em aspectos específicos da problemática educacional brasileira, e sim na reflexão sobre os fundamentos do ato de educar. “Ao longo da caminhada quaresmal, em que a conversão se faz meta primeira, recebemos o convite para buscar os motivos de nossas escolhas em todas as ações e, por certo, naquelas que dizem respeito mais diretamente ao mundo da educação”.

Campanha da Fraternidade

Desde 1964, a Igreja Católica no Brasil promove anualmente, no período da Quaresma, a Campanha da Fraternidade. A CF é organizada e convocada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e dirigida a todas as pessoas de boa vontade e, de forma particular, aos cristãos católicos com o objetivo de “despertar a solidariedade dos fiéis em relação a um problema concreto que envolve a sociedade brasileira, buscando caminhos de solução à luz do Evangelho”.

A cada ano, a CF tem um tema, relacionado a um problema social, e um lema retirado do Evangelho, que indica o caminho para a transformação dessa realidade.

É a terceira vez que as reflexões da Campanha da Fraternidade abordam a temática da Educação.  A primeira vez foi em 1982 com o lema “A verdade vos Libertará”, depois em 1998 “A serviço da Vida e da Esperança”. Segundo a CNBB, a educação volta a ocupar as reflexões da Campanha da Fraternidade, agora, impulsionada pelo Pacto Educativo Global.

A Campanha da Fraternidade é realizada no período da Quaresma, que vai da Quarta-feira de Cinzas (este ano, dia 2 de março) até o Domingo de Ramos (o domingo anterior à Pascoa, que este ano será em 10 de abril), quando é feita a Coleta da Fraternidade: o gesto concreto de doação para atender as obras sociais da Igreja dedicadas ao tema da Campanha. Embora seja realizada na Quaresma, como ressalta a própria CNBB, a CF não se restringe ao tempo quaresmal.

As três etapas da campanha da Fraternidade¹.

A primeira delas é “Escutar” a realidade da educação no Brasil: “A realidade também nos fala através dos acontecimentos, das tendências, tensões sociais, demonstrações de ações de solidariedade, enfim, através de seus avanços e recuos. Escutar a realidade que nos fala é recuperar a percepção dos sinais dos tempos”.

O segundo passo é o “Discernir”, a partir do Evangelho: “o discernimento se pratica com outra escuta, dessa vez, da Palavra de Deus, como passo fundamental para julgar evangelicamente os desafios do tempo presente e apontar as proposições para o novo”. O principal texto bíblico proposto para isso é o episódio descrito em Jo 8,1-11, no qual os escribas e os fariseus trazem até Jesus uma mulher flagrada em adultério. Ele questiona os presentes sobre quem ali não tem pecados e, pedagogicamente, reconduz a mulher e todos os demais ao caminho da fé.

Por fim, é apresentado o “Agir”: “O exercício da escuta conduz à necessária tomada de posição da parte de quem escutou (…). ‘Vai, e da agora em diante, não peques mais’ (Jo 8,11)’”. A missão da Igreja é contribuir para a construção de uma nova sociedade, formando agentes com uma educação integral em todas as áreas: escola, universidades, economia, política, ciência, arte, esporte etc.

‍Referências: Construir noticias, paieterno, Salesianos.